terça-feira, 14 de junho de 2011

- julgar, 23° missão.

Aquele ato, tão chocante para a sociedade que olhava apreensiva com seus olhos incriminadores o homem ferido ser algemado e escoltado até a viatura, podia ser visto de um milhão de perspectivas. Algo estranho de se imaginar, realmente, é impossível entender de todos os modos se você esteve presente, se você vive e tem uma parcela, mesmo que mínima, de vivencia.

Um homem, horas atrás, andava em passos rápidos em direção a uma pequena padaria. A arma na sua mão cintilava em um brilho frio de aço, um brilho mortal. Seu olhar firme escondia, como uma mascara, os pensamentos que lhe levaram ao tal ato, os medos que a reflexão sobre o estado em que se encontrava lhe condenavam, mas aquilo precisava ser feito.

Sua mãe estava muito doente e só seguia com vida pois alguns aparelhos faziam o serviço que vários órgãos precisavam fazer, mas para que eles continuassem funcionando, precisava de dinheiro. Ninguém via assim, ele cometeu um assassinato e era só isso que a sociedade enxergava, ou parecia enxergar, ou se obrigava a enxergar. Naquele lugar frio e úmido, com a arma na mão ainda soltando fumaça apontada para frente graças ao seu braço imóvel, o homem caído de costas para a parede com um buraco no peito, naquela pequena padaria da periferia, o mundo parecia outro, parecia... parado.

Antes que pudesse reagir, antes que pudesse entender, fora apanhado em uma corrida desesperada pela liberdade, subindo pelos telhados, correndo sobre os muros. Era isso que queria pra si mesmo? Deveria ter pensado melhor.

Agora, estava jogado frente ao futuro pesado que se aproximava. Antes de tudo, poderia apoiar sua mãe até a sua morte e não causa-la.

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