
Grande bruxo do caos, rei do norte e seus horizontes escuros onde as trevas prevalecem. Sentado em seu trono negro adornado com caveiras de seus antigos inimigos. Elas eram sua taça, da qual considerava beber o doce vinho da vitória. Inimigos, filhos da luz, eram apenas tolos sem sede de poder. Sem vontade de conhecimento, sem ambição, deveriam ser punidos por se colocarem entre o grande lorde negro e seus objetivos!
Filho do grande deus das trevas, lorde da montanha sombria, onde os escuros rios de sangue escorriam dos profundos vales do submundo entre as terras proibidas, onde o cheiro insuportável de morte e terror era exalado e louvado.Um lugar onde o mal se alojava, as sombras pairavam e criaturas profanas se multiplicavam. Com formas malignas se arrastavam e se esgueiravam na escuridão à procura de um pouco de carne fresca.
O grande rei possuía servos, capitães de batalha e generais de guerra, criaturas com muitas formas, as quais usavam para comandar suas poderosas tropas com obediência.Essas tropas eram sempre infestadas de ódio, antes foram guiadas por falsas palavras sobre tesouros e agora são guiadas apenas pela sede de matança.
O confronto começou, e as alianças dos homens atacavam pelo sul, os elfos pelo leste e os anões pelo norte. Os homens atacavam os campos principais, próximos da grande fortaleza onde o senhor do caos tinha sua moradia. Mostravam coragem e honra, suas espadas eram brandidas com vontade, pela liberdade de suas famílias da escravidão nas terras negras. Pelo seu rei e pela sua terra lutaram e avançaram pelos campos negros.
O rei das sombras estava ansioso e se mexia constantemente em seu trono agonizando em tristeza, estava sendo vencido. A grande porta de bronze na sala do grande bruxo foi aberta com força e das sombras irrompeu seu general mais confiável.
- As tropas inimigas estão avançando muito rapidamente pelo campo, a ultima aliança dos homens está vindo com força total! O nosso exercito pedem reforços para segura-los, mas se assim fizermos, caso eles ultrapassem os portões, estaremos perdidos! – Disse o general, sua voz falava e mostrava medo.
-Mande tropas para ajudarem na proteção das muralhas, quero todos os orcs prontos para o combate,eles não podem entrar na fortaleza. – respondeu o seu senhor.
- Se este é o seu desejo, meu lorde... – disse o general afastando-se e saído pelo portal fechando-o com a porta de bronze.
O rei negro levantou-se de seu trono, seu coração palpitava rapidamente, uma sensação, algo parecido com preocupação. Andava de um lado para o outro pensando em estratagemas que esmagariam os exércitos dos homens livres, então, começou a invocar algum tipo de magia negra, fazendo com que toda a criatura ruim em seus domínios o escutasse.
- Vão, meus escravos, vão e criem dor e destruição! Vocês devem fazer os homens gemerem no campo de batalha, sem piedade! Vão meus servos bestiais, tenham ódio dessas criaturas boas e livres, não é isso que vocês querem? Liberdade? Vençam e eu os libertarei, mas por enquanto, é hora de matar!
Todas as criaturas sob seu encanto gritaram com tanto ódio que o som ecoou pelas colinas negras como o rugido de um leão. Seus corações desejavam o sangue dos inimigos tanto quanto desejavam a liberdade. As tropas demoniacas avançaram sobre os homens pelos campos. os orcs e servos da escuridão faziam o chão estremecer diante de sua vontade, com passos largos e pesados chegaram rapidamente ao campo de batalha. Suas bocas rugiam palavras terríveis em sua língua podre.
O fogo rangia no campo de batalha, o choque foi eminente. A grande batalha havia começado, os homens clamavam o nome de seu rei, suas espadas empunhadas pelos bravos guerreiros reluziam sobre o terreno proibido com um som estridente que mostrava o quanto poderiam ser destrutivas contra os inimigos.
As tropas profanas avançavam como uma tempestade, com fúria e ódio, rugidos de batalha eram agouros ruins e destruíam a esperança dos cavaleiros, mostrando para eles que as táticas do rei das sombras se aplicavam muito bem em suas terras.
Os homens choravam, sobre o chão devastado, choravam sangue de terror em uma terra onde o tempo parecia não passar, os gritos mostravam o quão destrutivos eram os inimigos, até que, finalmente, os elfos que antes lutaram com outra fortaleza,surgiram da montanha leste e com eles, um novo amanhecer de vitória nasceu, cheio de glória e honra.
A revanche começou, as duas raças formavam uma bela dupla e os inimigos foram aniquilados. O senhor do caos tremeu.
As tropas avançaram e chegaram finalmente ao portão negro.
- Meu lorde, eles estão aos pés do portão e com ódio eles atacarão, temos de fazer alguma coisa enquanto ainda há tempo! – disse o general entrando novamente no grande salão.
- Eu sei disso, sinto tudo que acontece nas minhas terras, reconheço seu medo, mas confie em seu mestre, daremos um jeito de expulsar essa escória das nossas terras. – disse, levantou-se do seu trono e gritou, estremecendo até o mais bravo soldado, o berro fez o chão se tremer e foi ouvido até na mais distante montanha do sul. – Libertem os dragões!
As tropas de homens e elfos perderam as esperanças, sob as nuvens negras dançavam as criaturas com seus enormes pares de asas. Seu rugido trazia o medo mas sua beleza era incomparável. Eles voavam como águias, mas sua forma demoníaca só era visível quando a lua aparecia entre a tempestade. Seu hálito mostrava caos e dor e seus olhos intolerância e superioridade, o ataque começou.
A terra chorava e os gritos de guerra transformavam-se em gritos de pânico.Os bravos guerreiros foram corrompidos pelo terror, alguns corriam e os outros ficaram paralisados apenas esperando a morte certa. Então, um grande guardião do oeste, com um grito de guerra, feriu uma destas criaturas com sua lança, o sangue negro jorrou do peito da grande serpente, era possível vence-los. Os homens retomaram novamente sua esperança, precisavam entrar naquela fortaleza, era agora ou nunca, precisavam defender sua honra sem medo!
Os elfos, com sua incrível destreza derrubaram as grandes criaturas do céu com fechas. Perfuravam asas negras e os tornavam vulneráveis para as espadas dos bravos homens, seus pés poderosos cravavam suas grandes garras nos peitos dos muitos homens que encontravam, mas isso não os deteve, laminas gritavam enquanto cortavam as escamas, mas, mesmo com a vitória alcançada, muitos heróis caíram diante do poder das criaturas.
O rei das trevas rugiu de raiva, havia perdido o campo. Com os punhos cerrados de ódio matou um de seus subordinados, ninguém agüentaria ver a destruição daquele pobre orc, suas tripas foram arrancadas e jogadas para o grande cão negro que se sentava aos pés do trono. O rei negro então, começou a vestir-se para a guerra. Sua armadura era totalmente negra, sua espada reluzia com o sangue dos antigos inimigos e seu escudo sem brasão continha dois grandes chifres.
O general apareceu.
- Senhor, o Reino está arruinado o inimigo que já havia invadido a fortaleza agora já tomou os salões principais e avança rapidamente, nem os nossos trolls conseguiram segurar sua maldita fúria por um tempo questionável, precisamos agir rápido! – disse o general. – precisamos de algo para nos dar esperanças meu lorde!
- Você quer esperanças? Um emissário do caos e da desordem querendo esperança? Não me faça rir.Ainda restam muitas alternativas. – disse o rei, se aproximou do general lentamente, cujo tremia. – Seu coração imundo demonstra seu medo, seu medo de perder o reino, você é como eu. – terminou o bruxo do caos.
- Meu lorde, não me compare ao senhor, sou apenas um servo repugnante que cresceu na sua sombra, sem você eu ainda seria um homem do sul, eu lhe agradeço. – disse o general ajoelhando-se perante o seu mestre.
- Muito bem pensado, você é um ser de valor, seria uma pena desperdiça-lo, conheço uma utilidade melhor para seu corpo... - disse o rei.
O general levantou-se, o medo do seu mestre deixou seu coração.
- Mestre, devemos fazer algo contra os inimigos, logo eles estarão aqui, mas, eu estou disposto a lutar pelo senhor, com toda a minha fúria, minha espada vai uivar pelos grandes salões negros! – disse o general desembainhando sua lamina.
- Certo, mas espere, eu ainda tenho uma ultima carta na manga... – disse o lorde.
Com um lamento entristecido, foram finalmente soltos, os demônios aprisionados nos confins do abismo, nas masmorras mais escondidas agora voavam livremente na terra onde o caos reinava. Com ódio infestaram os salões escuros, os guerreiros sentiram medo, mas a trompa de seu general soou pelo salão e, nas sombras, encontraram sua glória, lutaram no escuro e em meio aos gritos e gemidos das criaturas, conseguiram avançar mais um pouco chegando em um salão maior ainda, tão grande que o seu teto era impossível de ser visto e lá encontraram.
Estava finalmente livre das correntes da dor, uma criatura criada para trazer a sentença para os homens de bem, sombra e fogo rugia e as trevas tornaram-se sólidas. Aquela era a câmara do demônio, vindo de uma prisão, uma prisão nas profundezas da terra. Só entendia sobre uma coisa, a morte e como causa-la. Era a besta profana, a criatura criada pelo medo da morte, medo da dor. Sua respiração congelava o ar e seu olhar maligno parecia vascular a alma de cada homem que encontrava.
Os salões de pedra silenciosos agora estavam cheios de pânico, mas os homens, com o coração cheio de ódio foram de encontro ao inimigo. O aço enchia seus corações e os gritos de guerra eram agora mais fortes que nunca. Mas nada era páreo para o ser do submundo. A criatura brandia uma espada negra que parecia ser o mal sólido e com ela dizimou a tropa, não havia mais homens, eram agora um pequeno grupo lutando pela sobrevivência, correndo pelos corredores escuros, não havia mais esperança. O demônio avançava em velocidade incrível e os homens que não conseguiam acompanhar seu senhor eram destruídos pela lamina do mal. Finalmente chegaram em um outro grande salão onde havia uma enorme porta aberta e saindo dela estavam os anões, eles haviam vencido no norte e vindo de encontro com os homens e elfos para a grande batalha. A criatura tinha seu poder fortalecido pelo medo de seus inimigos, mas isso foi a sua ruína, pois o ódio dos anões era imenso e eles não tiveram medo algum. Encurralaram o demônio e o mataram com golpes de machado e martelo.
- Senhor, está tudo perdido, os demônios foram aniquilados e o grande trunfo caiu perante os inimigos, não existe escapatória meu lorde, vá agora, eu os segurarei aqui com seu grande cão, darei tempo para sua fuga. – disse o general preocupado.
- A sombra está caindo e o nosso reino tornando-se ruínas, não há nada que possamos fazer, apenas ir de encontro ao inimigo, fugir está fora de questão enquanto eu for rei! – disse o lorde negro em voz alta. – Você é o único em quem confiei minha verdadeira forma meu belo servo, devo tudo a você. – terminou.
- Eu sei meu senhor e justamente por isso, criei este sentimento, você tem que viver, nem que isso custe a minha vida! – respondeu o general.
- Você é o meu servo mais poderoso... – o rei aproximou-se do general. – você não deveria morrer, não ainda, fuja você, meu desejo é que você continue meu reinado de terror. - terminou.
- Impossível, devo lutar pelo meu rei! - gritou o general.
- Então você morreria por mim? - perguntou o rei negro.
- Se for por você, meu lorde, farei tudo que for possível! – disse o general virando o rosto para o lado.
- Se é isso que deseja, morreremos juntos, como rei e seu escudeiro.
As tropas que restaram, cheios de tormentos e pesadelos correram pelos corredores estreitos e frios da fortaleza, os seus corações ansiavam por justiça. Finalmente chegaram, lá estava a sala do grande rei, abriram a pesada porta e invadiram o local, o rei negro jazia ajoelhado no chão e junto dele, ajoelhado na sua frente estava o seu general, ambos atravessados pela mesma espada, abraçados.