sábado, 11 de dezembro de 2010

- O mago e o dragão, 5° missão.


- Nunca se ouvia falar de magia nas redondezas de Belvorn, talvez alguns sussurros sobre bruxos e feiticeiros passando rapidamente pela cidade, mas, certo dia, enquanto eu arrumava a taberna para fechar e expulsava os últimos anões bêbados lá de dentro, percebi uma estranha figura encostada em um canto escuro, longe da lareira, usava algum tipo de manto negro e um cajado estava apoiado na parede ao seu lado, ele parecia aflito com alguma situação, e eu, como um bom bardo curioso, perguntei o que havia acontecido e ele me disse.

Silenciosa foi sua cavalgada pelos campos de Morien, seu cavalo branco, Aendu estava cansado e com fome, e o mago, como um bom amigo de seu animal, parou em uma cidade para recompor as energias do animal e também, as suas pois viajaram por muitas milhas sem parar, atrás de respostas para uma questão importante, mas agora, esquecida.
Ao entrar na cidade, todos admiraram o mago com um olhar de esperança e alegria, um homem se ofereceu para cuidar de Aendu, o mago analisou o olhar do homem cuidadosamente, mas não havia mal ou mentira em suas palavras. O mago então, caminhou até um estaleiro, lá o dono lhe fez um grande desconto, mas mesmo perplexo, o mago nada perguntou.
Deitou-se em uma cama macia e arrumada, seu chapéu estava sobre a cômoda e seu cajado apoiado em uma parede.
Começou a navegar em seu paradoxo de sabedoria e conhecimentos profundos, conduzido pela doce energia mística da natureza. Naquele pequeno aposento, finalmente descansou de sua longa jornada, escapando de uma noite sem fim, uma noite criada por preocupações e medos do futuro incerto. Lutando contra um antigo inimigo, que agora, estava de volta, a sombra no norte avançava rapidamente e entre o céu e a terra, estava começando o rugido do trovão.
Levantou-se, com um batido na porta, já era noite e seu coração se preocupava com Aendu, pois ele, era como um irmão.
Ao abrir a porta, um conde da cidade entrou rapidamente no aposento, suas roupas pareciam valer mais que o estaleiro. Lá, o conde implorou ao mago para que acabasse com um terror que pairava sobre a vila, uma nuvem negra de medo avançava e ficava cada vez maior. Um dragão, uma das mais antigas e poderosas criaturas que assolam a terra, nascidos no tempo da escuridão onde a lei era o caos e o ódio. O terrível filho do do anoitecer, voando por cima dos vales e montanhas, alcançando o céu com malícia e sabedoria tirana, nas tempestades era possível ouvir seus rugidos, rugidos de batalha. A temível criatura devorava os belos animais que moravam na floresta com presas enorme e garras afiadas, guerreiros da cidade o atacaram mas acabaram por cair perante as chamas e em seguida, o filho da noite começou a assolar a cidade, voando pelos campos sob a luz da lua e comendo o gado, que era a fonte de renda do local.
O mago, como um ser sábio e bom, aceitou ajudar o conde e sua vila se eles prometessem cuidar dos viajantes cansados e assim foi feito.
Com Aendu curado e forte novamente, o mago montou sobre ele e cavalgou pelos campos até chegar em uma floresta escura e triste. Desceu do cavalo e o guiou com cuidado entre as arvores em uma trilha feita de terra. Foi fácil para o sábio mago verificar para que direção a criatura profana habitava, haviam muitas pegadas grandes no chão e marcas de chicotadas nas arvores feitas pela sua cauda comprida, fora os arbustos e arvores com queimaduras. A trilha chegou em um ponto em que ficava impossível prosseguir, pelo menos impossível para Aedun, então o mago sussurou aos ouvidos do cavalo em sua própria língua e o cavalo correu rapidamente para fora da floresta. O mago sabia muitas línguas, de homens e animais e conseguia conversar com praticamente qualquer ser que ande pela terra, seja ele bom ou mau.
O mago caminhou na floresta sem ouvir qualquer canto de pássaros ou barulho de animais terrestes, enfim, chegou a uma grande gruta em uma clareira, onde era impossível vislumbrar o fundo, que parecia muito distante.
Uma luz irradiou do ruby que ficava na ponta de seu cajado, uma luz de um tom avermelhado, e lá dentro caminhou sem medo. Um ar quente vinha do fundo escuro da caverna apesar das paredes de pedra serem muito geladas.
Finalmente chegou ao final da caverna, onde um abismo negro e infinito se estendia. Lá, o mago clamou pela criatura em muitas línguas, e ela veio.
Como um antigo e esplendoroso rei, apareceu perante os olhos do velho mago, batia suas asas que se estendiam pelo horizonte negro sobre o abismo. Sua pele era avermelhada como o ruby em seu cajado, seu olhar parecia conter todo o ódio e ira dos antigos servos do mal, de seu focinho comprido, de vez em quando, saiam chamas azuis e vermelhas que enchiam o lugar pouco iluminado com muita claridade. O mago não aparentou medo e levantou seu cajado contra a criatura e conjurou sábias palavras de ódio. O dragão porém, não gostou nada disso, e, parecendo zangado, se levantou ficando ainda mais alto e imponente e respondeu que não era uma criatura das trevas. O mago, pensou que o dragão estava tentando seduzi-lo com suas palavras e, com medo de que o monstro lançasse um antigo feitiço sobre ele, lançou uma rajada de raios azuis de seu cajado acertando o rosto do dragão. A luz dos raios iluminaram a caverna, e o barulho de eletricidade ecoou pelo corredor de pedras atrás do mago. O dragão riu e zombou do poder do mago. O mago se enfureceu, abaixou a cabeça e começou a murmurar palavras em uma língua desconhecida ou esquecida e por fim, para terminar o encanto, bateu o cajado contra o chão com força. Alguns ruídos foram ouvidos pelo salão, ruídos maléficos, e então, sem qualquer aviso, vários vultos negros começaram a dançar pelo local em uma velocidade terrivelmente rápida. O mago ordenou para que atacassem e assim o fizeram, se chocaram com força contra o corpo rígido do dragão, mas este, não parecia se incomodar, as sombras o fizeram novamente, mas o dragão, dessa vez, abriu sua enorme bocarra e rugiu, um rugido que fez o chão da caverna estremecer e o coração do mago acelerar. O mago, cansado, caiu de joelhos perante o dragão e esperando sua morte perguntou porque o dragão atacava a cidade e se ele se sentia bem com isso.
O dragão olhou perplexo e respondeu "eu sou um ser vivo como você ou qualquer outro, no meu coração não repousa nenhuma maldade ou desejo de destruição, o meu poder apenas é usado para saciar minha fome e, de vez em quando, me proteger. Você, como eu, também matou animais para saciar sua fome, feriu alguém que tentava lhe ferir. De uma forma diferente, mas ambos somos estudantes da antiga magia e em nosso coração deve repousar o conhecimento e sabedoria!".
O mago tentou se levantar apoiando-se ao seu cajado, mas este, escorregou e caiu em direção ao abismo, o dragão, por sua vez, segurou o mago em uma de suas patadas evitando a queda para a morte no buraco profundo e o colocou no lugar em que estava. "Eu te liberto, vá e tenha mais juízo com suas palavras da próxima vez."
O mago saiu da caverna, assobiou e Aendu veio. Subiu no cavalo e foi embora, para terras distantes. Nunca mais ousou pisar nos campos de Morien novamente e contou a todos de sua irmandade sobre o grande dragão que morava lá. Grade não só na forma.

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